[CRÍTICA] WiFi Ralph: Quebrando a Internet – Cedo demais para ser nostálgico!

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[CRÍTICA] WiFi Ralph: Quebrando a Internet – Cedo demais para ser nostálgico!

Por Felipe Vinha

Quando o já quase clássico moderno Detona Ralph estreou, ele se apoiou em uma fórmula bem simples, mas, ainda assim, eficaz: a pura e simples nostalgia. Apesar de ser uma animação com público infantil em mente, a impressão que deu era que a Disney estava mirando o público de 25-30 anos, para agradar quem vivei a década de 80 e alguma parte dos anos 90.

Deu certo e, anos depois, temos WiFi Ralph: Quebrando a Internet nos cinemas. Trata-se de uma continuação “semi-direta”, com algum tempo se passando desde a primeira aventura, mas com pouca coisa mudando, de fato.

Mas o segundo filme funciona? A nostalgia ainda é presente? Confira isso e muito mais, em nossa crítica completa!

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Ficha Técnica

Título: WiFi Ralph: Quebrando a Internet

Ano: 2018

Lançamento: 3 de janeiro de 2019 (Brasil)

Direção: Rich Moore, Phil Johnston

Duração: 1h52min

Sinopse: Ralph, o mais famoso vilão dos videogames, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, iniciam mais uma arriscada aventura. Após a gloriosa vitória no Fliperama Litwak, a dupla viaja para a world wide web, no universo expansivo e desconhecido da internet. Dessa vez, a missão é achar uma peça reserva para salvar o videogame Corrida Doce, de Vanellope. Para isso, eles contam com a ajuda dos "cidadãos da Internet" e de Yess, a alma por trás do "Buzzztube", um famoso website que dita tendências.

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WiFi Ralph: Quebrando a Internet começa algum tempo depois do primeiro, mantendo todos os personagens que já conhecíamos onde estavam, sem grandes mudanças;

O mote principal do enredo demora um pouco para aparecer, mas surge: eis que, no meio de tudo, o dono do fliperama resolve instalar Internet para poder usar em seu escritório.

Com uma das máquinas quebradas, Ralph e Vanellope precisam entrar na Internet para tentar comprar uma peça de substituição no eBay, enquanto conhecem um território 100% novo e cheio de surpresas - e perigos.

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Como citei, o plot começa bastante tarde em WiFi Ralph: Quebrando a Internet. A impressão que dá é que metade do filme funciona quase como um "Detona Ralph 1.5", dando a entender que a saga não se segura sozinha para um segundo capítulo.

Porém, quando a Internet entra em cena, o filme fica promissor. WiFi Ralph: Quebrando a Internet começa, assim, a explorar as novas possibilidades e o "choque cultura" que seus personagens terão em um ambiente totalmente novo.

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Mas, como apontado na introdução da matéria, há um pequeno problema, que não fica no enredo, mas sim em como o filme usa seu próprio motor para se desenrolar, e é melhor já tirar o elefante branco da sala de início.

O maior problema é que WiFi Ralph: Quebrando a Internet tenta se construir em cima de um assunto muito recente - e com o risco de ficar datado muitíssimo rápido.

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Explicamos: em vez de se prender na nostalgia dos games, o filme tenta fisgar principalmente o público mais jovem, se prendendo em coisas que eles fazem hoje, como navegar em redes sociais, usar YouTube ou simplesmente ver besteira na rede.

Não tem mais a pegada nostálgica mas, ao mesmo tempo, o filme tenta ter o mesmo clima do primeiro, então ela ainda está ali, de alguma forma. Mas o novo "público alvo" talvez não pegue estas nuances narrativas e, assim, WiFi Ralph: Quebrando a Internet erra o objetivo duas vezes, tanto em querer ser nostálgico com alto tão recente, quanto querer agradar uma geração que vai crescer rápido e, daqui 2 anos, não vai funcionar da mesma forma como o filme exibe hoje.

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Problemas de construção à parte, WiFi Ralph: Quebrando a Internet tem vários méritos.

A animação está impecável, como tudo que a Disney faz com seu "cheat de dinheiro infinito". WiFi Ralph é quase um "Kingdom Hearts: O Filme", de tanta gente da Disney que está presente.

Mas não se anime muito, pois são apenas participações mais pontuais. As princesas, que foram alardeadas como um grande foco da continuação, são figurantes de luxo. Há muito mais atenção e foco em Shank, personagem de Gal Gadot, que mora dentro de uma espécie de "GTA Online" na Internet.

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Mas sim, como toda animação da Disney recente, há mensagens boas a serem absorvidas, envolvendo amizades e relacionamentos, além de lições sobre como ser menos tóxico na própria rede - ainda que algumas destas mensagens sejam passadas de maneira bem clichê, quase óbvias demais, a exemplo dos comentários do YouTube, ou melhor, BuzzTube, no filme.

Mas não se engane, pois este é um clássico filme de final feliz e com todas as lições possíveis e imagináveis, até para os coadjuvantes.

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Mesmo assim, WiFi Ralph: Quebrando a Internet peca em estruturas narrativas de muitos níveis. Enquanto metade da projeção não engrena a história, a outra é rodeada de cenas que teriam sido feitas para "tirar o fôlego", mas seguem de perto demais a cartilha de filmes de ação e aventura.

Há até clássicas e típicas cenas de perseguições contra grandes ameaças, clímax em uma ponte caindo, música alta e personagens de olhos esbugalhados.

No mesmo ano de produção a Disney lançou Os Incríveis 2, que é, sim, um filme diferente, mas que segue a mesma cartilha e, ainda assim, reverte vários clichês, principalmente o seu final. Podia ter sido trabalhado algo neste sentido em WiFi Ralph: Quebrando a Internet, mas acaba tudo sendo pasteurizado demais.

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Mas não se engane, a criançada vai adorar. Toda a garotada que estava na sala de cinema saiu feliz e contente, ainda que o filme tenha mensagens que não sejam só voltadas para ela.

E WiFi Ralph: Quebrando a Internet é como qualquer animação da Disney vista no cinema, sempre vale a pena conferir, em especial pelas participações especiais, que continuam com tudo.

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Ah, antes de terminar: vale registrar que a dublagem brasileira está bem pior do que a do primeiro filme, apesar de repetir Tiago Abravanel e Mari Moon na dupla principal.

Não dá para entender o que aconteceu aqui, mas prepare-se para se irritar com a voz de Vanellope depois de 30 minutos de projeção.

E é melhor nem começar a pensar que Shank tem a voz de Gal Gadot na versão original... No Brasil ela é feita por Giovanna Lancellotti, que apesar de não ter sido a pior voz do elenco, não ficou tão bom quanto esperávamos.

Ao menos a maioria das princesas Disney mantiveram suas dubladoras brasileiras "originais", ou as mesmas que foram vistas em produções mais recentes.

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Conclusão

WiFi Ralph: Quebrando a Internet poderia ser muito mais, mas se prende a uma fórmula engessada. Ainda é um bom filme e eu recomendo que todos vão com suas crianças e amigos ou amigas e familiares no cinema para ver. Porém, o final da sessão pode deixar aquele gosto amargo na boca de alguns, dando a impressão de que este filme poderia ser qualquer um, se não fosse o selo "Disney" no cartaz.

Nota: 3 de 5