[CRÍTICA] Turma da Mônica: Laços – Uma jornada inesquecível!

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[CRÍTICA] Turma da Mônica: Laços – Uma jornada inesquecível!

Por Gus Fiaux

Quem não conhece a Turma da Mônica? Uma das séries de HQs mais influentes do Brasil, as histórias de Maurício de Sousa moldaram gerações, provando-se verdadeiros clássicos infantis que merecem todo o reconhecimento do mundo. E pela primeira vez, a franquia está chegando aos cinemas em live-action com Turma da Mônica: Laços.

Uma aventura divertida e emocionante, o filme inspirado na graphic novel homônima criada por Vitor e Lu Cafaggi consegue provar o valor dessa turminha e mostrar que os filmes infantis não perderam espaço na produção cinematográfica nacional!

Créditos: Paris Filmes

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Ficha Técnica

Título: Turma da Mônica: Laços

Direção: Daniel Rezende

Roteiro: Thiago Dottori

Ano: 2019

Data de lançamento: 27 de junho (Brasil)

Duração: 97 minutos

Sinopse: Baseado nas HQs de Mauricio de Sousa, a história começa quando o jovem Cebolinha reúne seus amigos para resgatar seu cachorrinho, chamado Floquinho, que desapareceu.

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Turma da Mônica: Laços - Uma jornada inesquecível!

A Turma da Mônica está tão fixa no imaginário brasileiro quanto o Superman e o Homem-Aranha para os norte-americanos. Se lá, eles valorizam os super-heróis e patronos da liberdade e justiça, no Brasil aprendemos a nos divertir com uma turminha bem mais descompromissada, liderada por uma corajosa menina e seu coelhinho de pelúcia azul.

Com anos de HQs, jogos, séries de TV e até mesmo filme animados, essa turminha do Bairro do Limoeiro finalmente está chegando aos cinemas em live-action, graças a Turma da Mônica: Laços - um filme que diverte, encanta e, mais do que isso, adapta com maestria os personagens icônicos criados por Maurício de Sousa.

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O filme segue de perto a história de Laços, a graphic novel escrita por Lu e Vitor Cafaggi, um dos primeiros títulos do premiado selo Graphic MSP. Quando Floquinho some de uma maneira misteriosa, Cebolinha reúne a turma para uma missão de resgate - o que faz com que eles passem por poucas e boas, fortalecendo os laços de sua amizade.

Nesse sentido, o longa-metragem dirigido por Daniel Rezende não apenas é uma ótima adaptação da graphic novel, como também uma homenagem gloriosa aos quadrinhos que encantaram gerações, ensinando crianças a ler e a se aventurar pelo mundo ao seu redor. O filme valoriza ao extremo o material fonte, e tem um ar lúdico e encantador.

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Os personagens aqui dispensam apresentações - mas seus atores merecem reconhecimento. Giulia Benitte se destaca como Mônica. Ela possui uma fofura encantadora, mas sabe mostrar os momentos mais "durões" da líder do grupo. Por outro lado, Kevin Vechiatto rouba bastante a cena como Cebolinha - até porque seu personagem é o grande foco da trama.

Laura Rauseo arrasa como Magali. Ela transmite bem a doçura e até um pouco do humor sarcástico da personagem, enquanto nunca sai da personagem. Já Gabriel Moreira apresenta um Cascão esperto e curioso, que apesar de não ter muito destaque entre o restante do quarteto, se sai muito bem como alívio cômico.

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O resto do elenco coadjuvante manda muito bem. Os adultos estão visual e interpretativamente fieis aos seus personagens, e embora não tenham muito destaque, conseguem passar a figura de "pais perfeitos" das HQs - Monica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó e outros conseguem conquistar a simpatia e o carinho do público.

Há também algumas participações especiais de destaque. Rodrigo Santoro tem uma cena muito divertida, interpretando o Louco. Além dele, há também uma breve participação de Leandro Ramos - o Julinho da Van do Choque de Cultura - e de Maurício de Sousa (em uma cena que, diga-se de passagem, me deixou com os olhos marejados e um sorriso no rosto).

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Daniel Rezende, o diretor deste filme, é conhecido por seus projetos mais sérios. Famoso no ramo da edição, ele dirigiu filmes como Bingo: O Rei das Manhãs e episódios de O Mecanismo. Aqui, ele entrega algo completamente diferente de seus trabalhos anteriores. Um filme hiper estilizado, que nunca se leva a sério ou busca um "compromisso com o real".

A prova disso está nos diálogos e em algumas situações bizarras, que são tiradas diretamente das HQs. Muitas vezes, temos a impressão de estar lendo um gibi da Mônica ou do Cebolinha, e não vendo um filme. Isso até causa uma estranheza de início, mas aos poucos vai se desfazendo conforme progredimos na trama.

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Quanto ao roteiro, a história é redondinha e bem contida, ainda que o filme seja feito já tendo em mente quem conhece esses personagens - então não espere nenhuma "introdução" a quem eles são (afinal de contas, quem não os conhece?). Por outro lado, isso acaba pesando um pouco quando vemos personagens sendo deixados de lado.

Dentro da trama, talvez o maior afetado por isso seja o Cascão. Ao menos, o ator consegue dar a volta por cima e entregar um bom humor físico. Assim como nas HQs, é sempre divertido vê-lo com seu pavor de água e encontrando métodos de fugir desse "aqui-inimigo". Infelizmente, às vezes até Mônica e Magali ficam um pouco de lado em prol do Cebolinha.

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Ainda assim, o filme tem diversos fatores redentores. Como dito anteriormente, o longa é mega estilizado - e isso vai desde a palheta de cores mais vibrante e vívida, como nos gibis, até os elementos mais fantasiosos, como a participação do Louco. A fotografia é um ponto alto, com truques que valorizam essa vivacidade.

Outro destaque muito importante é a trilha sonora. Composta por músicas cheias de energia e emoção, ela flui pela trama como um componente vital, além de nunca perder o ar de aventura que o filme carrega. Somando esses elementos, o filme é uma aventura sem igual, que nos joga nesse mundo unindo nostalgia à qualidade do presente.

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E além de ser um ótimo filme infantil, também é uma aventura ótima para quem é mais velho e cresceu lendo os gibis. Além de ser uma homenagem digna aos fãs da franquia, o longa também tem uma aura que lembra bastante os filmes infantis da década de 90, como os da Xuxa, Angélica e Didi - um tipo de clima que não se vê no cinema infantil nacional atualmente.

Por essas e outras, Turma da Mônica: Laços até sofre com uns probleminhas pequenos, mas sua história é tão acalentadora que é difícil não nos emocionarmos com esses personagens trazidos à telona - e de uma maneira muito fiel, provando que Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali são figuras atemporais e ícones da nossa cultura nacional.

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Em suma, Laços é um encanto do início ao fim. Um filme sobre amizade e sobre como às vezes precisamos abdicar daquilo que mais queremos pelo bem dos nossos amigos. É uma aventura fofa, divertida e emocionante, que não apenas traz os personagens de Maurício de Sousa com glória aos cinemas, como também nos deixa um gostinho de "quero mais".

O filme de Daniel Rezende aposta na força de seu elenco - e colhe ótimos resultados, além de trazer um sentimento especial para quem cresceu lendo essas histórias. Redondinho e delicado, Turma da Mônica: Laços é um filme que, assim como os gibis, faz nossa criança interior sentir que somos maiores que o mundo.

NOTA: 4,5/5