[CRÍTICA] Toy Story 4 – Desventuras em série!

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[CRÍTICA] Toy Story 4 – Desventuras em série!

Por Gus Fiaux

Disney/Pixar é conhecida por produzir os filmes mais inventivos e inovadores de Hollywood, e agora mais um longa chega aos cinemas: Toy Story 4, dando continuidade à trilogia original e inserindo novos personagens no rol dessa saga espetacular.

Desde seu anúncio, os fãs ficaram um pouco receosos pelo que esse filme poderia representar, ainda mais levando em conta como o terceiro fecha tão bem a história. Nós já conferimos o filme e podemos dizer sem receio: o longa não desaponta!

Créditos: Disney

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Ficha Técnica

Título: Toy Story 4

Direção: Josh Cooley

Roteiro: Andrew Stanton e Stephany Folsom

Ano: 2019

Data de lançamento: 20 de junho (Brasil)

Duração: 100 minutos

Sinopse: Quando um novo brinquedo chamado "Garfinho" se junta a Woody e ao grupo de brinquedos de Bonnie, uma viagem ao lado de velhos e novos amigos revela o quão grande o mundo pode ser para um brinquedo.

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Toy Story 4 - Desventuras em série!

Em 1995, Toy Story chegava aos cinemas. O filme podia soar como uma animação bobinha, imaginando como seriam se brinquedos fossem vivos e tivessem sentimentos, mas acabou mudando a indústria cinematográfica de uma maneira irreversível. Foi a partir dele que a Pixar se consolidou como o estúdio mais original e inventivo de Hollywood.

Mais de duas décadas depois, retornamos ao cinema com Toy Story 4, um filme cuja mera existência deixou muitos fãs receosos - tudo porque o capítulo anterior da franquia, lançado em 2010, já servia como um desfecho sensacional para a história de Woody, Buzz Lightyear, Jessie e todos os outros brinquedos que um dia pertenceram a Andy.

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Na trama, vemos os brinquedos já na casa de sua nova dona, Bonnie. A menina é incrível, mas como toda criança, começa a deixar alguns brinquedos de lado, que já não fazem mais parte de suas brincadeiras sensacionais. Tudo muda quando ela vai para seu primeiro dia na escola, onde se sente solitária e acaba criando Garfinho, um brinquedo construído a partir de lixo.

Inexplicavelmente, essa nova figura "ganha vida", mas ainda precisa lidar com o fato de que não é mais apenas uma pilha de objetos inúteis - o que acaba colocando Woody em uma jornada para protegê-lo, garantindo que Bonnie não vá perder seu novo melhor amigo. E tudo só fica maior quando os pais da menina decidem levá-la em uma viagem, junto de seus brinquedos.

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Mais do que qualquer filme da franquia, Toy Story 4 é um filme sobre o Xerife Woody - mais precisamente, sobre seu amadurecimento e seu crescimento. E é encantador ver como o boneco passou pela transformação mais radical da série. Se no longa original, sua meta era eliminar o "novo brinquedo favorito de Andy", aqui ele faz de tudo para proteger Garfinho.

Isso, por si só, é o que conduz a trama e faz com que o filme seja uma montanha-russa de emoções. Desde a primeira cena, temos o foco em Woody, incluindo uma belíssima montagem em plano-sequência que mostra desde seus primeiros dias com Andy ao momento em que o garoto, já crescido, decidiu doar todos os seus brinquedos para Bonnie.

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No entanto, o charme da franquia está justamente na variedade e na importância de outros brinquedos - e o quarto longa não esquece disso, em momento algum. Por mais que figuras como Jessie, Bala-no-Alvo, Slinky, Rex e os Cabeças de Batata fiquem jogados para escanteio, há muito foco em Buzz Lightyear, que está divertidíssimo.

Mas mais do que isso, quem realmente se destaca aqui é a boneca de porcelana Betty. No filme, descobrimos o que aconteceu com ela, e também a reencontramos novamente durante a viagem, quando Woody precisa desesperadamente convencer Garfinho de que ele não é um simples pedaço de lixo.

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Betty mudou completamente desde sua última aparição, em Toy Story 2. Em vez de ser uma boneca mais "calma" e "na dela", ela agora é uma grande aventureira e vive o mundo sob uma perspectiva que os outros brinquedos nunca testemunharam. Sua adição não acrescenta apenas nostalgia ao filme, como também traz uma trama que nos fala sobre desapegar do passado.

Há também uma variedade de novos brinquedos. O grande destaque vai para duas pelúcias que encontramos em um parque de diversões, Coelhinho e Patinho, que são a maior fonte de alívio cômico do longa - e que realmente garantem gargalhadas em suas cenas mais agitadas (como, por exemplo, durante o plano para pegar uma chave para abrir um certo armário).

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O filme também constrói antagonistas gloriosos, em Gabby Gabby e seu exército de ventríloquos assustadores. A boneca é, sem a menor sombra de dúvidas, a "vilã" mais humanizada e complexa que a franquia já trouxe, e se de início começamos a temê-la e odiar suas atitudes, aos poucos a entendemos e vemos o seu ponto de vista, não de uma forma completamente vilanizada.

E é justamente nos personagens que Toy Story 4 encontra sua maior força. O filme sabe conciliar muito bem essas figuras por uma série de desventuras e infortúnios, que fazem com que a história fique cada vez maior do que deveria ser, aumentando o perigo e a emoção da jornada desses brinquedos que acompanhamos há duas décadas.

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Isso acaba resultando numa trama episódica - mas não se engane, o filme não é apenas um "adendo qualquer" à franquia, como alguns diziam. Em vez disso, esses episódios isolados constroem uma trama que se solidifica aos poucos - culminando em uma "reviravolta" que, apesar de construída desde a primeira cena do filme, ainda nos pega de jeito.

Nesse sentido, o filme realmente se prova um sucessor digno para Toy Story 3, provando que o fim do longa anterior não era um encerramento - era só o começo para novas histórias. Aqui, no entanto, a franquia pode ter chegado ao seu derradeiro final - ou então, a um início completamente diferente do que já vimos até aqui.

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Aliás, diga-se de passagem, o filme também é um início marcante por ser o longa de estreia de Josh Cooley. E qualquer preocupação que surja a respeito de um diretor estreante é varrida já nos primeiros segundos. O filme é vistoso e imaginativo, e mostra um controle completo do cineasta sobre esses personagens e essa história.

A animação, aliás, é outro motivo de alegria para os fãs. Seguindo a evolução da Pixar, o visual é espetacular - e aqui, temos ainda mais a exploração da perspectiva dos brinquedos sobre o mundo. Tudo é uma grande brincadeira, enquanto esses personagens transitam por cenários grandiosos de uma forma lúdica e, ainda assim, sentimental e emocionante.

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Toy Story 4 é mais um acerto para a conta da Pixar - e mais uma prova de que a franquia dos brinquedos é, em essência, perfeita. É a prova de que todas as histórias podem ser continuadas, desde que haja um motivo importante para isso - e pode acreditar, o filme apresenta um baita motivo para sua existência.

Através das mãos do diretor Josh Cooley, não apenas voltamos para brincar com Woody, Buzz Lightyear e seus amigos, como também nos jogamos em uma jornada imprevisível e com emoções à flor da pele. Toy Story 4 não decepciona em momento algum - na verdade, ele se prova a melhor continuação da Pixar desde seu antecessor.

NOTA: 5/5