[CRÍTICA] Bohemian Rhapsody – Uma obra digna de majestade!

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[CRÍTICA] Bohemian Rhapsody – Uma obra digna de majestade!

Por Felipe Vinha

É muito estranho existir um filme-documentário de algo que você acompanhou na vida real – ao menos uma parte da história. É ainda mais estranho pensar que as principais figuras daquela obra já não existem mais, se foram e não voltam.

Bohemian Rhapsody traz um misto de sentimentos ao longo de pouco mais de duas horas, contando não só a história de Freddie Mercury, mas também a do Queen e da criação de algumas de suas principais músicas.

E é uma obra ímpar.

Confira nossa crítica completa!

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Ficha Técnica

Título: Bohemian Rhapsody

Ano: 2018

Lançamento: 1 de novembro de 2018 (Brasil)

Direção: Bryan Singer

Duração: 2h14min

Sinopse: Cinebiografia conta a história de Freddie Mercury (Rami Malek). Ele foi criado na Índia e se mudou para a Inglaterra nos anos 60. Lá, ele conhece Brian May e Roger Taylor e o trio forma a banda Queen em 1970. Eles fazem um grande sucesso pelo mundo, com hits como "Bohemian Rhapsody", “We Will Rock You” e “We Are the Champions”.

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Bohemian Rhapsody começa exatamente onde se imagina e usa um recurso narrativo até manjado. As primeiras cenas são o início do histórico show do Queen no Live Aid, nos anos 80, para depois a projeção realizar uma viagem no tempo e contar como tudo começou, quando Freddie ainda era Farrohk.

A partir daí vemos o que é Bohemian Rhapsody. Apesar de ser “marketeado” como um quase documentário sobre a história do astro, e também do Queen, o filme é, na verdade, e principalmente, sobre as músicas da banda e sobre o desenvolvimento como família de Brian May, Roger Taylor, John Deacon e o próprio Freddie.

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Bohemian Rhapsody também não é 100% realista com o que aconteceu com a carreira do Queen em toda a sua história. Há alguns fatos fora de ordem e há diversas omissões. Mas isso é feito de maneira proposital, parece, muito também para englobar anos e mais anos de história, desde a concepção da banda, até seu eterno ápice no show já citado.

É um filme manjado, mas que está ciente disso. Ele também é um pouco corrido, mas não a ponto de incomodar. A narrativa se sustenta com a ótima direção e fotografia, que estão em um nível esperado para uma obra sobre uma das maiores bandas que já existiram no planeta.

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Mas, o mais interessante da narrativa de Bohemian Rhapsody está em seu contra-ponto à famosa “jornada do herói”. Freddie é uma antítese a este conceito. Ele começa como um “ninguém”, mas desde o início ele já é um herói estabelecido. É ele quem “salva” a banda de ser desfeita e já se mostra um membro valioso, repleto de talento.

Ao longo do enredo, Freddie não cresce mais. Ele termina a história com o exato mesmo talento e nível apresentados em sua concepção. O que ele ganha são problemas e defeitos de caráter, como a soberba que quase levou ao fim do grupo e a falta de tato com aqueles que ele não considerava “de seu nível social”.

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Freddie Mercury é o motor que move a história do Queen e o filme está ciente disso, mas o roteiro não esquece, em nenhum momento, dos outros membros da banda – ao menos quando é obrigado a isso.

A produção também trabalha muito bem com seus coadjuvantes, mesmo aqueles que não fazem parte da banda. Aliás, todo o elenco de Bohemian Rhapsody está afinadíssimo com a música.

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Dá para destacar vários nomes em um mesmo parágrafo, mas alguns merecem menções únicas. Desnecessário dizer o quanto Rami Malek ficou bem como Freddie Mercury. Não tanto pela caracterização - há algumas diferenças visuais notáveis - mas pelo comportamento e traços específicos de fala.

Já Aidan Gillen vive o diretor John Reid, que gerenciou a banda durante uns bons anos, até ser demitido por Freddie. Ainda que Gillen tente se desvencilhar sem muito sucesso do seu jeito "Mindinho" de ser, ele tem todo um charme especial quando está em cena, passando a mensagem correta ao espectador.

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Também é necessário elogiar, e muito, os atores que fazem os membros da banda. Em especial Gwilym Lee como Brian May - completamente indistinguível da realidade, entre traços, aparência e comportamento.

É muito legal que, apesar da caracterização do Freddie, todo o elenco esteja em um nível incrível de visual e similaridades. O Jim Hutton de Aaron McCusker é outro excelente exemplo do que foi feito neste longa.

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Mas Bohemian Rhapsody não é perfeito, como já deixei claro no início do texto. Ele é corrido e corta diversas partes importantes da história de Freddie e do Queen. Em alguns momentos ele é bastante “pasteurizado”, se é que dá para classificar assim.

A intenção é contar a história de algumas das principais músicas, mas em alguns casos nos fogem alguns detalhes. E, de certa forma, a canção que dá nome ao título é executada apenas em trechos, nunca por completo.

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Mesmo assim, Bohemian Rhapsody se sobressai entre os problemas, entregando um filme que não é apenas coeso e contido, mas também apresenta vários destaques técnicos – e se já não citei o suficiente, ainda dá para elogiar a trilha sonora, que não tem apenas sucessos do Queen, mas também de outras bandas, como The Beatles e Jethro Tull.

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Conclusão

Isto é a vida real ou apenas fantasia?

Bohemian Rhapsody emociona e pode até arrancar algumas lágrimas de quem vai quase que literalmente se ver nas telonas – sem detalhes para não entregar algumas surpresinhas –, e tem alguns probleminhas de narrativa por ser corrido e sem entrar em detalhes, mas ainda é uma grande produção para uma grande banda, e um dos maiores artistas que já pisou na Terra.

Nota: 4,5 de 5