Após as Guerras Secretas, a Marvel começou a deixar claro que havia algo de errado entre os X-Men e os Inumanos. A raça mutante estava sendo dizimada graças às Névoas Terrígenas, que haviam sido lançadas na Terra durante a saga Infinito. E, para piorar, parecia haver uma inimizade misteriosa entre as equipes.

Boa parte disso foi resolvido em Morte dos Mutantes, uma série que contava o que havia acontecido entre os grupos - e que foi bem criticada. Tudo piorou em Inumanos vs. X-Men, uma saga insossa que transformou Emma Frost em vilã (de novo) e Medusa em uma santa imaculada, quando a realidade era bem diferente...

Tudo bem que a premissa de EIXO já não era das melhores - heróis transformados em vilões e vice-versa -, mas nada poderia nos preparar para a enxurrada de porcaria que seria a saga envolvendo Vingadores, X-Men e até mesmo o retorno do Massacre, dessa vez uma nova encarnação do Caveira Vermelha.

Além de ter uma história boba e cheia de reviravoltas estúpidas, o evento - que durou intermináveis doze edições - também sofreu com arte irregular e roteiros mal escritos. Para colocar a pá de cal, até suas repercussões foram terríveis - como a transformação longeva do Destrutor em um vilão e do Dentes-de-Sabre em herói.

Aqui temos uma história cheia de potencial desperdiçado. Quando foi originalmente anunciada, A Essência do Medo seria um grande crossover voltado para a trindade da Marvel: Homem de Ferro, Capitão América e Thor. Tudo começaria quando um tio do Deus do Trovão retornaria, trazendo caos para os Nove Reinos.

Ele então levantou os Dignos - portadores de martelos asgardianos que propagariam sua mensagem de medo e terrorismo. Porém, a saga logo se provou fraca, concluída em um clímax clichê - com os heróis enfrentando os vilões com armas mágicas - e com repercussões logo revertidas, como as mortes do Thor e do Soldado Invernal.

Quando começou originalmente a ser publicada, em 1994, a Saga do Clone veio com a promessa de trazer várias reviravoltas e revelações sobre o Homem-Aranha. E para a infelicidade de muitos, isso acabou se cumprindo, em uma história que pode até ser amada por alguns, mas continua cheia de problemas.

A história original até era interessante, apresentando Chacal e o clone Ben Reilly, porém, devido ao sucesso de vendas, a história se prolongou demais e acabou trazendo várias revelações ridículas - como Peter Parker sendo, na verdade, o clone de Ben. Felizmente, boa parte dessas asneiras foram descartadas em pouco tempo.

Apesar de sempre terem sido integrados ao Universo Marvel, os heróis urbanos sempre habitaram um núcleo restrito nas HQs, às vezes compartilhando de histórias em comum. Quando foi anunciada, Terra das Sombras prometia ser o grande crossover desses heróis, com o Demolidor no centro como vilão.

A saga girava em torno de Matt Murdock se tornando o novo líder do Tentáculo, possuído pelo espírito da Besta Fera, a entidade demoníaca adorada pelo culto de ninjas. Infelizmente, apesar da ótima premissa, a série acabou se rendendo a clichês e diversas revelações sem nexo, o que acabou a tornando bem vergonhosa.

Saindo um pouco da Terra-616, não podemos nos esquecer dos eventos que assolaram o Universo Ultimate na saga Ultimato, que deveria representar o fim para essa realidade alternativa. Na saga, Magneto programa um grande ataque contra os seres humanos, lançando uma onda que destrói diversas cidades no mundo todo.

O problema é que a saga não funcionou e o Universo Ultimate, por ser um líder de vendas da editora, continuou como se nada tivesse acontecido. Além de diversas mortes desnecessárias, o evento ainda trouxe diversas cenas bem questionáveis, como o Blob literalmente devorando a Vespa.

Em 2013, os X-Men comemoraram cinquenta anos de publicação nas HQs, o que exigia um evento especial. Dali, nasceu Batalha do Átomo, que reuniria mutantes do presente, do passado (os Novíssimos X-Men) e do futuro (uma nova Irmandade dos Mutantes). Porém, o resultado foi bem aquém das expectativas.

A saga devia ter terminado com os Novíssimos X-Men retornando à sua linha temporal, mas isso acabou sendo postergado além do necessário. O resultado é uma história fraca em que as consequências não importaram nem um pouco, e com uma batalha final totalmente esquecível.

Após Infinito, a Marvel precisava de um bom evento que chacoalhasse as estruturas de seu universo, e Pecado Original veio em sequência, com o mistério da morte de Uatu, o Vigia e um culpado secreto à solta, enquanto Nick Fury reúne vários heróis para investigar a morte.

No meio disso tudo, vários segredos dos heróis foram espalhados, gerando um caos. A saga terminou de uma maneira óbvia, mas o pior foi como afetou outras revistas - para se ter uma ideia, o planejamento de Jonathan Hickman e Brian Michael Bendis para as revistas dos Vingadores e dos X-Men foi completamente alterado.

Até hoje, Guerra Civil é considerada uma das melhores sagas do Universo Marvel, reunindo quase todos os heróis em uma trama que trouxe diversas repercussões - algumas sentidas até hoje. Por isso, quando anunciaram uma nova versão da saga, muitos ficaram curiosos para saber o que aconteceria.

Apesar de não ser totalmente ruim, Guerra Civil II é bem decepcionante. A saga não tem a mesma escala da original e descaracteriza diversos personagens, como a Capitã Marvel, que se torna uma "vilã" quase flertando com governos autoritários. Além disso, sua resolução surgiu do nada e não trouxe grandes consequências.

Porém, se vamos falar de sagas decepcionantes, o primeiro lugar da lista deve, obviamente, ir para A Era de Ultron, um evento que recebeu diversos teasers e prometia ser a história definitiva dos Vingadores contra o robô assassino criado por Hank Pym. Suas três primeiras edições fazem jus a isso, com momentos espetaculares.

Porém, a saga acabou sofrendo devido à saída de Bryan Hitch da Marvel, e suas edições seguintes tiveram uma perda de qualidade notável na arte e no roteiro. A história cria vários retcons envolvendo viagem no tempo (que já foram esquecidos), além de sequer mostrar Ultron, apesar de seu título.