Iniciamos essa lista com um personagem que, nem em nossos maiores sonhos poderia um dia ser considerado um dos melhores vilões da Marvel nos cinemas... mas foi exatamente o que obtivemos. Nas HQs, o Abutre sempre foi um vilão ridículo, que usava uma fantasia exageradamente espalhafatosa para assaltar bancos. Ele nunca representou uma ameaça real para o Homem-Aranha.

Ciente disso, Jon Watts resolveu remodelar o vilão para sua participação em Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Aqui, temos um personagem absurdamente assustador e com uma motivação real e crível, o que o torna bem complexo e desenvolvido. O design favoreceu sua presença em cena, mas os créditos devem ser dados a Michael Keaton, que conseguiu conceber uma ameaça à altura da primeira aventura solo do Escalador de Paredes nessa grande franquia.

Sabemos que 2017 foi um ano de grandes emoções nos filmes de super-heróis, e também sabemos que parte dessa emoção foi destinada a Yondu Udonta, o cafajeste líder dos Saqueadores em Guardiões da Galáxia e sua continuação. Nos cinemas, Yondu é um personagem falho, cheio de arrependimentos e amarguras, e cujo compasso moral nem sempre é muito bem definido. E também é um personagem interessante.

Isso o difere de forma grotesca de sua versão original, uma vez que o Yondu das HQs dos Guardiões 3000 não passa de um herói deveras raso. Apesar do visual fantástico e de um desenvolvimento moderado, ele nunca conseguiu criar grande empatia no público, e sempre foi apenas um herói B, sem grande importância. Os cinemas o modelaram para ser um dos maiores heróis, e seu sacrifício é um dos momentos mais bonitos de todo o Universo Cinematográfico da Marvel.

Por mais que seja considerado um dos mutantes mais poderosos das HQs, o Legião é, na maior parte de suas participações, um personagem mal-trabalhado e com um desenvolvimento muito problemático. São poucos os escritores que conseguem mergulhar em sua personalidade conturbada e transformá-lo em um personagem interessante para os leitores.

Entretanto, Noah Hawley, com a ajuda do ator Dan Stevens, conseguiu fazer isso em apenas uma temporada da série solo do mutante. Aqui, David Haller é abordado de uma forma muito mais realista e complexa, e embora seus poderes ainda não tenham sido plenamente estabelecidos, é um personagem que já captou muito bem a atenção do público para as próximas temporadas.

Tal pai, tal filho. Assim como o Legião, o Professor X nos cinemas consegue superar - e muito - a versão clássica do herói telepata nas HQs. E tudo se trata de desenvolvimento. Ao longo de duas trilogias e alguns spin-offs, conhecemos Charles Xavier em momentos diferentes de sua vida, que nos fizeram perceber sua jornada pessoal e suas motivações como líder dos X-Men.

Nas HQs, ele é um personagem com um desenvolvimento razoável, mas nunca deixou de ser uma figura similar ao Mestre dos Magos para seus alunos. Ele sempre tomou atitudes moralmente questionáveis, e seu legado é baseado em tragédia e fracasso. Nos cinemas, ao menos conseguimos sentir mais empatia e apego ao poderoso telepata.

O Homem-Púrpura sempre foi um vilão muito interessante das HQs, apesar de nunca ter tido um destaque tão monstruoso. A ideia de ter alguém capaz de fazer com que as pessoas se submetam completamente à sua vontade é algo amedrontador, e o personagem sempre foi bem trabalhado nesse sentido, sobretudo em Alias, a HQ que trouxe Jessica Jones ao mundo.

Porém, a série de TV da investigadora particular consegue fazer um trabalho ainda melhor, por humanizar o vilão e transformá-lo numa das figuras mais ameaçadoras - se não a mais ameaçadora - de todo o Universo Cinematográfico da Marvel. Aqui, a alcunha colorida foi deixada de lado para o uso do nome Kilgrave, e o personagem ganhou vida e potência nas mãos de David Tennant, uma das melhores adições já feitas a essa franquia.

Com os Guardiões da Galáxia, a Marvel Studios conseguiu provar seu nome nos cinemas, alavancando uma equipe que pouquíssima gente conhecia e transformando-os em grandes jogadores para seu universo cinematográfico. E embora a maior parte dos fãs concorde que alguns personagens tiveram sua essência muito alterada nos cinemas - como Drax e Gamora -, ninguém reclamou da mudança feita em Peter Quill, e por um bom motivo.

O personagem de Chris Pratt é carismático, galante e divertido, ao contrário de tudo que conhecíamos do Senhor das Estrelas nas HQs. Ele logo se transformou numa grande figura cômica, ao mesmo tempo em que consegue passar igualmente o drama e ação. Para se ter uma ideia, a reformulação do personagem foi tão bem-aceita que chegou a ser incorporada nos quadrinhos, posteriormente.

Nos quadrinhos, Daisy Johnson sempre foi uma personagem... estranha. Surgida na virada do século, ela não passava de uma novíssima agente da S.H.I.E.L.D. com poderes sísmicos e com a mais plena confiança do próprio Nick Fury. E... basicamente isso, com pouco desenvolvimento real de personagem.

Mas Agentes da S.H.I.E.L.D. conseguiu transformá-la numa das melhores heroínas do UCM graças à intensa evolução de sua jornada. Surgida como Skye, a heroína precisou trilhar um árduo caminho de auto-descobrimento e sacrifício, até tomar conhecimento de seus poderes inumanos e de seu papel na equipe liderada por Phil Coulson.

O Mercenário Tagarela passou por uma onda de popularização muito grande nos últimos anos. Atualmente, ele tem diversas revistas próprias, e faz participações em outros títulos, sendo inclusive um membro atual dos Vingadores e dos Defensores. E isso só o tornou um personagem forçado e insuportável. A maior parte de suas histórias são ruins e só agradam um nicho muito específico de fãs do personagem.

Curiosamente, a versão cinematográfica do anti-herói, interpretada por Ryan Reynolds, apesar de ser uma cópia-quase-fiel do personagem original, consegue funcionar melhor. Isso porque ele está contido em suas participações, e porque seu tipo de humor funciona melhor nos cinemas, de forma que até o maior hater do Deadpool nas HQs quer ver mais e mais filmes do personagem.

Um exemplo clássico de personagem estragado pelo tempo, o Wolverine surgiu como uma figura misteriosa e com um passado sombrio, e essa foi sua era de ouro. Posteriormente, com sua popularidade cada vez maior, os mistérios foram sendo resolvidos e o personagem acabou caindo em diversas contradições, se tornando um verdadeiro hipócrita e vítima de histórias cada vez piores.

É até engraçado pensar que um dos maiores "culpados" por essa popularidade foi Hugh Jackman em sua brilhante interpretação do Carcaju. Seja nos filmes de X-Men ou em alguns derivados, como Logan, o herói mutante fez uma grande diferença para os Filhos do Átomo nos cinemas, de forma que sua ausência no futuro fará grande falta.

Obviamente que o primeiro lugar da lista não podia ser de outro personagem que não o nosso querido Homem de Ferro. Tudo bem, sabemos que o Vingador Dourado teve um desenvolvimento absurdo nas HQs, e diferente de boa parte dos personagens nesta lista, ele sempre foi muito complexo e passou por provações absurdas, desde o alcoolismo à Guerra Civil.

Mas os cinemas trouxeram um novo detalhe para a jogada: Robert Downey Jr.. Basicamente nascido para interpretar o herói, o ator conseguiu dar a Tony Stark um carisma tremendo, de forma que o personagem foi a figura central do Universo Cinematográfico da Marvel por vários anos - e ainda é, até hoje. Aliás, para se ter uma ideia da influência da versão cinematográfica do herói, basta notar que os quadrinhos mudaram drasticamente para torná-lo mais parecido com a interpretação de Downey Jr. do personagem.