10 coisas que talvez você não saiba sobre a produção de O Iluminado!

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10 coisas que talvez você não saiba sobre a produção de O Iluminado!

Por Raphael Martins

A estreia da versão cinematográfica de Doutor Sono, sequência de O Iluminado novamente escrita por Stephen King, fez o mundo voltar sua atenção ao inesquecível filme original dirigido pelo lendário Stanley Kubrick, lançado em 1980.

É um filme tenso até o último segundo, cheio de surpresas e momentos difíceis para os personagens. Mas difíceis mesmo foram as gravações do longa-metragem, que incluíram crises nervosas da atriz Shelley Duvall, ataques de fúria de Stanley Kubrick e inúmeros takes da mesma cena até que se aplacasse o desejo pela perfeição do diretor.

Aqui estão alguns fatos sobre a produção de O Iluminado que talvez você nunca soube!

Protegendo Danny

Stanley Kubrick foi extremamente cauteloso sempre que o ator mirim Danny Lloyd entrava em cena. Por ser muito novo, o diretor queria poupar a criança de testemunhar as cenas mais assustadoras sendo feitas, tanto que o pequeno sequer sabia que estava num filme de terror.

Quando Wendy (Shelley Duvall) carrega Danny para longe de Jack (Jack Nicholson), por exemplo, ela está segurando um boneco em tamanho real do ator. Ele nunca esteve lá. Esse era o nível de protecionismo que Kubrick tinha com o jovem ator.

Danny Lloyd só foi descobrir sobre o que O Iluminado se tratava muitos anos depois, e só viu a versão sem cortes do filme aos 17 anos.

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O arrasador de portas

Na icônica cena em que Jack quebra a porta do banheiro onde Wendy está escondida, a produção fez um modelo de porta mais sensível e fácil de quebrar.

O problema é que Jack Nicholson já tinha trabalhado como voluntário para os bombeiros e tinha uma certa experiência nisso, o que resultava nas portas sendo quebradas completamente com uma única machadada.

Sendo assim, era preciso filmar de novo e de novo, até dar certo. Essa cena sozinha levou três dias para ser gravada e mais de 60 portas foram destruídas no processo.

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Entrando no clima

Conforme o filme vai descorrendo, a personalidade de Jack vai ficando cada vez mais errática e descontrolada, culminando no pai de família tentando matar sua própria esposa e filho. Uma atuação ímpar de Jack Nicholson, sem dúvida, mas que exigiu um preparo não muito tradicional.

Para entrar no clima certo de frustração e raiva que o personagem pedia, Nicholson se alimentou apenas de sanduíches de queijo por duas semanas, algo que ele sempre odiou desde criança.

Sangue, suor e refilmagens

Stanley Kubrick sempre foi conhecido por ser detalhista e perfeccionista ao extremo, gravando a mesma cena incontáveis vezes até que ela estivesse do jeitinho que ele queria. Em O Iluminado, o conceito de "refilmagens" foi levado para o próximo nível.

Na icônica cena em que um mar de sangue sai das portas dos elevadores do hotel Overlook, Kubrick precisou de três takes para ficar satisfeito. Parece pouco, certo? Errado: só a preparação para a cena levava nove dias para ficar pronta.

Toda vez que as portas abriam e o sangue corria, o diretor dizia que não parecia sangue de verdade. No final das contas, a cena acabou levando nada menos que um ano para ficar pronta.

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Inferno

Kubrick também tinha fama de ser alguém difícil de se trabalhar, e a atriz Shelley Duvall sentiu isso na pele. Ele perdia a paciência com ela constantemente, o que incluía gritos, xingamentos e até mesmo acusações de que ela estava fazendo ele e toda a equipe de filmagem perder um tempo precioso.

Como resultado dos constantes maus tratos do diretor, a atriz teve várias crises nervosas, que resultaram que resultaram em exaustão física e mental, doenças e até em perda de cabelo.

Apesar de tudo isso, quando as gravações finalmente acabaram, Kubrick se derreteu de elogios à performance da atriz, e ela mesma disse várias vezes que ele só queria extrair o melhor dela e que não trocaria a experiência por nada, mas que nunca mais repetiria algo sequer parecido.

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Tá pegando fogo, bicho!

Todo o interior do hotel Overlook foi gravado nos estúdios Elstree, na Inglaterra, o que inclui a sala onde Jack trabalhava com sua máquina de escrever. Mas por causa do calor intenso gerado pelas luzes artificiais para emular a luz do sol entrando pela janela, o set inteiro pegou fogo.

Felizmente, quando isso aconteceu, toda a filmagem principal já havia terminado por lá. Pouco tempo depois, o mesmo set foi refeito, e acabou virando o Poço das Almas que aparece em Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, de 1981.

"Heeeere's Johnny!"

Na cena mais emblemática de todo o filme, Jack quebra a porta do banheiro onde Wendy se esconde, coloca a cabeça pela fresta e grita: "Aí vem o Johnny!".

Mas pouca gente, incluindo o próprio Kubrick, entendeu a referência. Trata-se da chamada do programa de auditório The Tonight Show Starring Johnny Carson, que fez muito sucesso em solo americano nos anos 60.

Por ser inglês e nunca ter visto o programa, Kubrick por pouco não usou a cena, mas Jack Nicholson o convenceu a deixá-la na versão final.

A arte imita a vida

Em entrevistas posteriores, Jack Nicholson revelou que as cenas mais difíceis de gravar para ele foram as que seu personagem discutia com Wendy, por motivos muito pessoais.

Antes da fama, Nicholson tentou engatar uma carreira como escritor, assim como seu personagem. E como ele, também se envolvia em brigas e desentendimentos constantes com sua namorada na época.

Sendo um ator de método, Nicholson internalizou sua dor e sua frustração e acabou imprimindo a emoção certa que a cena pedia, mas isso lhe custou várias noites sem sono enquanto ele recordava seus erros do passado.

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Stephen King odiou

Stephen King nunca foi contra ter suas obras adaptadas para outras mídias, e às vezes até mesmo oferece sua ajuda durante a produção. Mas com O Iluminado, foi diferente.

Ele não participou de nenhuma etapa do desenvolvimento do filme, e quando ele finalmente estreou, deixou o autor bem desapontado. Embora King sempre elogiasse os aspectos técnicos do trabalho de Kubrick, dizia que todo o resto não tinha nenhuma substância e chegou a comparar o filme com "um carro bonito, mas sem motor".

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Ressentimento

Tanto Jack Nicholson quanto Shelley duvall expressaram, por várias vezes, um ressentimento aberto quanto a recepção do filme pela crítica, já que os principais créditos pelo sucesso dele iam para Stanley Kubrick, desconsiderando os esforços da produção, do material original e deles próprios.

Nicholson e Duvall diziam que o filme tinha sido o trabalho mais difícil de suas carreiras, e o ator reconhecia o trabalho de sua colega como o mais árduo que ele já tinha visto alguém fazer em toda a sua vida, o que incluía o dele próprio.