[Review] Death Stranding 2: On The Beach é a melhor loucura que você vai jogar em 2025

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[Review] Death Stranding 2: On The Beach é a melhor loucura que você vai jogar em 2025

Por Márcio Jangarélli

Será que começar a reconectar o mundo foi a decisão correta? Death Stranding 2: On The Beach, sequência do divisivo, porém titânico game de Hideo Kojima, expande seu universo insano ao revisar a premissa do original, adicionando camadas ainda mais complexas e interessantes à sua crítica e mensagem.

Uma ideia ousada, como boa parte dos projetos assinados pelo autor, que transforma a experiência revolucionária do jogo original em algo mais concreto e atrativo sem perder seu charme limiar.

FICHA TÉCNICA

 

Título: Death Stranding 2: On The Beach

 

Data de Lançamento: 26 de junho de 2025

 

Plataformas: PlayStation 5

 

Gênero: Ação

 

Desenvolvedora: Kojima Productions

 

Qtde. Jogadores: 1

 

Tradução PT/BR: Texto e dublagem

Se você tem algum contato mínimo com a indústria gamer, é impossível que não tenha ouvido sobre Death Stranding na última década, afinal o título apresenta todos os pontos de interesse possíveis: primeiro projeto de Hideo Kojima em seu próprio estúdio, depois de uma quebra polêmica em sua parceria com a Konami; herdeiro de elementos da icônica demo P.T.; elenco verdadeiramente estelar compondo cada pedacinho da história; uma aventura insana sobre um entregador em um “pós-apocalipse” bizarro – e por aí vai.

Como na maioria de seus projetos, Kojima não se podou em suas tentativas de inovação, gerando uma experiência tão absurda, genuína e nova que nunca seria consenso entre o público (ainda que tenha sido melhor recebida do que o esperado). Assim, uma sequência para algo tão ambicioso vem como uma surpresa e um fardo enorme em suas costas: é possível para Death Stranding 2 superar o original?

A resposta para isso é complicada, ainda que positiva.

Graças à PlayStation, tive acesso às loucuras de Death Stranding 2 para análise, assim como aconteceu com o primeiro game. Respondendo parte da pergunta anterior, enquanto On The Beach é incrível e, possivelmente, melhor que a original, o título não possui o mesmo impacto. Isso não é exatamente ruim, aliás. É apenas uma questão previsível para sequências de jogos extremamente inovadores ou experimentais (o mesmo pode ser dito sobre Tears of the Kingdom, por exemplo). 

Em 2019, a jornada do Sam era algo surpreendente em cada pequeno aspecto, dos momentos iniciais ao final absurdamente dramático e marcante. A jogabilidade era nova, o universo inédito, a ideia de um projeto tão abarrotado com celebridades, insana. Tudo no primeiro game era uma aposta alta. Agora, temos uma continuidade, uma manutenção, com várias novidades e aprimoramentos, surpresas e reviravoltas, mas em um ambiente estabelecido, com rostos conhecidos e um núcleo mais coeso.

Já era esperado que On The Beach seria visualmente espetacular e que herdaria para si a elogiada visão musical do primeiro, mas garanto que suas expectativas serão superadas. Cinematográfico é pouco para descrever o game; essa é uma jornada única, com os ambientes, situações e enquadramentos mais brilhantes que essa mídia pode oferecer, fazendo do jogador cativo de sua beleza existencialista. Isso combinado à música do fantástico Woodkid (artista convidado para a trilha sonora dessa vez) e outros nomes surpreendentes do meio, adicionando mais batidas e um clima estranhamente otimista à sonoridade da sequência, tornam esse gameplay singular mesmo em comparação ao original.

Falando em gameplay, DS2 aprimora basicamente todos os aspectos do original, tornando o título mais divertido e equilibrado. Assim como a sonoridade, a jogabilidade é mais vibrante, injetando mais elementos de ação e aventura, polindo ritmos e punições para uma versão menos repetitiva e mais impactante e tornando cada ponto do mapa interessante de ser explorado. Desastres naturais, monotrilhos, animais selvagens, os meios de transporte mais bizarros do mercado, entre outros tantos exemplos; cada novidade é bem vinda e se encaixa perfeitamente no universo.

Importante notar, no entanto, que os níveis de suspense e horror do game foram abafados um tanto e talvez isso irrite parte do público. Faz sentido dentro de DS2, especialmente se considerarmos que as entidades do original nunca teriam o mesmo efeito aqui. Pessoalmente, não vejo como uma mudança ruim – o novo mistério e o novo ambiente pedem um tom distinto e a On The Beach o encontra em uma simbiose de aventura e surrealismo.

Na verdade, surreal é pouco para a nova jornada do Sam. De alguma forma, Death Stranding foi para a Austrália e isso faz sentido. Esse é um daqueles casos onde uma história parece insana de fora, mas que consegue manter a coesão em seu microcosmo de loucura lovecraftiana.

Especialmente se você jogou o primeiro, as voltas e reviravoltas mantém um nível de surpresa, mas vem também com aquele sentimento de “ah, Kojima, só você mesmo”. Isso vale para todas as outras insanidades do jogo também, sejam minigames bizarros, sequências musicais secretas ou os momentos mais birutas inclusos no meio de diálogos sérios.

Sinceramente, eu posso passar horas falando sobre Death Stranding 2, imaginando o que se passava pela cabeça de Hideo Kojima na concepção desse game, elogiando cada milímetro musical, visual e jogável, e ainda seria pouco. Ninguém faz jogos como ele e essa é só mais uma prova. Talvez, assim como o primeiro game, não seja para todo mundo (ainda que a sequência pareça mais palatável) mas é, definitivamente, mais um marco para a cultura pop assinado pelo autor.

 

Portanto, para a Legião dos Heróis, Death Stranding 2: On The Beach leva nota 10. Não sei se o mundo do Sam deveria ter se reconectado, mas fico feliz que podemos nos conectar a ele.

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