O streaming está matando a Televisão?

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O streaming está matando a Televisão?

Por Guilherme Souza

Quem é das antigas, provavelmente se lembra de ir até a videolocadora alugar um “lançamento”, ou seja, um filme que havia sido exibido nos cinemas há meses, mas que você mal podia esperar chegar nas lojas para que pudesse assisti-lo novamente ou até mesmo assistir pela primeira vez. 

Com o avanço da tecnologia e o aumento de fatores como a pirataria e da distribuição digital, as videolocadoras acabaram sendo extintas, junto com esse antigo ritual para ter acesso a um filme, seja ele novo ou antigo.

Claramente, a internet e as plataformas de streaming facilitaram muito nossa vida, já que não precisamos mais esperar tanto tempo para assistir um filme lançado recentemente no conforto de nossas casas, ou reservá-los, sem contar que temos um vasto catálogo a apenas alguns cliques, mas o custo para isso foi bem alto e muitos donos de videolocadoras tiveram que encontrar novos meios de sobreviver. 

Considerando que o streaming e os conteúdos digitais foram responsáveis pela falência de um nicho da indústria, será que outras mídias também podem estar em risco, como por exemplo a televisão?

A princípio, podemos imaginar que sim, afinal, está se tornando cada vez mais comum que as emissoras lancem suas próprias plataformas, sem contar os canais do YouTube e nossa rotina, que nos deixa cada vez menos tempo para ficarmos sentados em frente à televisão zapeando pelos canais, mas quando analisamos alguns dados do mercado brasileiro, podemos dizer que ela continua muito bem por aqui

Mesmo com aumentos constantes no consumo de mídias digitais, de acordo com dados divulgados pelo Correio 24 Horas, a televisão brasileira ainda ocupa cerca de 65% do mercado de mídias publicitárias, que serve como base para definir os veículos mais eficazes em uma campanha. Além disso, os dados ficam ainda mais surpreendentes quando analisamos a força da TV aberta, que ocupa 58% do mercado televisivo brasileiro total.

Falando sobre essa divisão entre a TV aberta e fechada, o Brasil é um dos poucos países em que o consumo de TV aberta supera o da TV fechada, inclusive, dados dos últimos anos revelam uma queda na adesão de TV por assinatura, tendo como principal justificativa o aumento do consumo de conteúdos digitais, o que já mostra uma mudança na indústria. 

É claro, como citado acima, as emissoras de canais fechados já estão se adaptando à essa nova tendência e criando suas próprias plataformas, que visam distribuir conteúdos exclusivos e que chamem a atenção dos consumidores que não encontram tais conteúdos nos catálogos da Netflix, Prime Video e outras líderes de mercado. 

Inclusive, atualmente, temos visto cada vez mais uma concorrência entre as próprias plataformas de streaming, que lutam para atrair a atenção do mercado e destronar a Netflix, como por exemplo a Amazon, que passou a oferecer recentemente no Brasil o Pacote Prime por um valor extremamente atraente, que além de dar acesso à plataforma de vídeos e séries, também concede outros benefícios, tais como a Twitch Prime, download de livros digitais e até mesmo compras com frete grátis.

Quem também está entrando com tudo nesse mercado é a Disney, que oferecerá uma plataforma com um catálogo de dar inveja, disponibilizando conteúdos exclusivos não só da Disney, como também da Lucasfilm e do Marvel Studios. Também não podemos nos esquecer da Apple, que revelou recentemente detalhes de sua nova plataforma, que contará com um investimento financeiro pesado e uma série de conteúdos e originais estrelados e produzidos por grandes nomes da indústria cinematográfica.

Outro dado curioso, é que mesmo com nossas rotinas cada vez mais loucas, o tempo de consumo da televisão no Brasil tem aumentado constantemente, tendo uma média de cerca de 6 horas por dia. É claro, diversos fatores também contribuem para isso, tais como as SmartTV, que permite acesso à conteúdos digitais, além do fato que cada vez mais, as pessoas assistem televisão enquanto navegam na internet com seus celulares.

O que podemos dizer, ao menos por enquanto, é que está havendo uma mudança na maneira de se produzir conteúdo televisivo e que as emissoras estão se adequando à essa nova era, mas pelo menos no Brasil, a televisão ainda segue bem forte e como uma das principais mídias publicitárias, algo que deve demorar um tempo para mudar. 

De qualquer forma, ainda é comum vermos finais de programas com altos índices de audiência como o Masterchef chegando aos top trendings do Twitter, ou telenovelas batendo bons picos de audiência, sem contar os programas jornalísticos, que não podem ser encontrados em plataformas de streaming. Sendo assim, a televisão ainda pode manter sua existência por mais algum tempo.

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