A Cultura do Esquecimento

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A Cultura do Esquecimento

Por Guilherme Souza

O cinema é uma das formas de se produzir arte mais antigas e espetaculares da história da humanidade, quem diria que seria possível fazer com que um homem voasse, ou que dragões ganhassem vida? Desde sua criação, os filmes tinham como propósito entreter e transportar o público para lugares inimagináveis, e os objetivos foram alcançados com louvor.

Com o passar dos anos, a indústria evoluiu e seus gêneros básicos ganharam novas ramificações, até que chegaram aos padrões que conhecemos hoje em dia. Além disso, o avanço da tecnologia fez com que os filmes se tornassem cada vez mais realistas e grandiosos, entretanto, a indústria cinematográfica parece ter se afastado de seus valores iniciais em prol da maximização de lucros.

Desde que o primeiro Tubarão de Steven Spielberg foi lançado, o conceito de blockbusters se instaurou na indústria cinematográfica. Com o objetivo de alcançar cada vez mais pessoas (gerando mais lucros), esses filmes passaram a se equiparar às produções de renome, ainda mais quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas começou a reconhecer e premiar tais produções.

Depois do Tubarão de Spielberg, os blockbusters evoluíram e os estúdios passaram a investir cada vez mais dinheiro nessas produções, certos de que o lucro era garantido, e assim nasceram as infames franquias, nas quais gastamos nosso suado dinheiro e dedicamos nossa atenção à qualquer nova informação que seja publicada sobre elas. Mas será que a qualidade acompanhou a evolução dos blockbusters?

Atualmente, temos uma média de 15 filmes, que são considerados blockbusters, sendo lançados anualmente. Se pararmos para pensar, esse é um número absurdo, levando em conta que uma ida ao cinema não custa barato, mas isso não parece incomodar os estúdios, que querem cada vez mais espremer dinheiro do público. Apesar do volume exorbitante de lançamentos, não podemos dizer que todos esses filmes de grande orçamento possuem alta qualidade ou que são importantes o suficiente para serem lembrados.

Ao contrário do que se imagina, por mais que esses filmes gerem muito lucro, eles podem acabar não passando disso, uma máquina de fazer dinheiro, ainda mais quando consideramos produções como Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, Tomb Raider, e diversos outros que geram um buzz desenfreado e acabam entregando um produto muito aquém do esperado.

A coisa fica pior ainda, quando os estúdios se aproveitam do sucesso de um filme para lançar sequências completamente desnecessárias, como é o caso de Círculo de Fogo: A Revolta, que jogou fora a essência do longa original para dar lugar a um filme completamente genérico e sem propósito.

Obviamente, não podemos deixar de fora as intermináveis franquias como Transformers ou Velozes e Furiosos, que ostentam uma sequência infinita de filmes, que cada vez mais, apresentam situações absurdas para conseguir captar a atenção do público. Por fim, chegamos aos filmes de super-heróis, que parecem ter se tornado um gênero próprio em Hollywood.

Atualmente, a Marvel lança três produções por ano, e por mais que os filmes do estúdio sejam um verdadeiro sucesso, não podemos ignorar o fato de que todos eles possuem uma qualidade aceitável, ou que sejam imprescindíveis. Este ano, o estúdio se regojizou nos sucessos de Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita, todavia, o estúdio agora se prepara para o lançamento de Homem-Formiga e a Vespa, no qual sabemos que será dotado de uma trama muito mais leve e menos importante do que as outras duas produções supracitadas.

Isso nos faz pensar que o terceiro filme da Marvel este ano seja apenas uma forma do estúdio “dar um brinde para o público”, já que, aparentemente, a meta do ano se cumpriu com os outros dois filmes. Entretanto, esse brinde nada mais é do que uma forma do estúdio arrancar mais dinheiro do público. É claro, estúdios de cinema não foram criados para fazer caridade, longe disso, mas devemos pensar que, a longo prazo, essas produções são completamente descartáveis e esquecíveis, e isso é triste.

É triste pensarmos o quanto se investe nesses filmes, os atores de renome, os efeitos especiais, para no fim das contas, termos um produto genérico e “sem alma”. É claro, esses filmes continuarão gerando lucro e fazendo muitas pessoas felizes, porém isso pode significar um congestionamento da indústria. Assim como os Western, os blockbusters correm um grande risco de se tornarem saturados no mercado, e isso é preocupante, já que isso nos faz pensar se Hollywood está preparada para se reinventar e voltar a lançar produções substanciais.

Esse texto todo, serve para levantar uma reflexão sobre o mercado atual de filmes, onde temos um filme grande sobrepondo o outro em um curto espaço de tempo, e a briga pela atenção do público se torna cada vez mais descarada, entretanto, podemos contar nos dedos os filmes desse estilo que realmente ficam marcados em nossas mentes e são de fato relevantes.

Confira nossa galeria de Homem-Formiga e a Vespa: